Tese Geral da União Metroviária

Transporte
MPL: A serviço de quem?

A cada ano, temos uma tarifa mais cara e um serviço que vai deixando a desejar. Frente a isso, o valor da tarifa em cidades pelo Brasil afora é realmente cara, onde fica evidente que o lucro é a peça chave, sendo uma engrenagem de um mecanismo que forma o sistema que chamamos de transporte!

Em diversas cidades, protestos contra o aumento as tarifas começaram a ocorrer, promovidos por estudantes que, em desacordo com os governos, que a todo ano alegavam os altos custos do transporte, baseados em suas políticas de incompetência para a sociedade e visível favorecimento a empresários gananciosos!

Em São Paulo não foi diferente. Em março de 2011, protestos ocorreram e uma dessas manifestações foi parar na estação Anhangabaú da Linha 3-Vermelha, onde manifestantes do MPL – Movimento Passe Livre, juntamente com sua linha de frente, os chamados Black Blocs, tentaram invadir a estação, mas não com a ideia de simplesmente burlar o sistema, mas afrontar metroviários que ali se encontravam trabalhando, como se esses funcionários fossem os responsáveis pelo aumento da tarifa. O foco deles, além disso, era chamar a atenção da mídia! E conseguiram o feito.

O saldo dessa manifestação foram alguns metroviários atacados por uma chuva de pedras, garrafas, pilhas e ovos com tinta, numa manifestação em que o movimento dizia ser pacífica! E, imaginem se não fosse, o que teriam usado como arma, além do que foi citado?

Seguidas dessa manifestação, outras foram convocadas e no ano de 2013 ganharam força com apoio massivo da população, que fechou a Avenida Paulista. Na época, governo e prefeitura voltaram atrás no aumento.

Mas como o tempo é o senhor da razão, muitos perceberam que o ato em questão só visava uma questão: – tarifa zero para estudantes, onde no momento que a conseguiram, encerraram o ato que deixava de ser apartidário e passava a ser político!

Ano após ano, seguido de aumento após aumento, o MPL convocava os atos e ao chegar nas estações de metrô, acusava os seguranças do metrô de fascistas e cães do governo, como se nós fossemos os culpados pelo aumento da tarifa. Além disso, provocações, xingamentos e cusparadas, onde estimulavam o confronto, onde diversos manifestantes esperavam com suas câmeras para registrar qualquer situação para constranger os metroviários e chamar a atenção da mídia! Esse é o papel do MPL: usar metroviários como bodes expiatórios para chamar a atenção da mídia, acreditando que assim poderão atingir o prefeitura e governo!

Houve confrontos em várias estações do metrô, em destaque a estação Anhangabaú, onde um segurança foi atingido na testa por um cadeado! República, com diversos confrontos e seguranças machucados. E o pior episódio, na estação Consolação, onde agrediram metroviários, arremessaram picolés nos funcionários, invadiram a copa e destruíram armários, quebraram micro-ondas, além de jogar a refeição dos metroviários no lixo. Também tentaram acionar a mangueira do hidrante para dar um jato de água nos seguranças!
Neste ano de 2018 não foi diferente. No primeiro ato contra o aumento da tarifa, após serem dispersados pela polícia, causaram tumulto em São Bento, Pedro II, Brás e Bresser. Em Pedro II pisotearam um segurança ao invadir a estação. Em Bresser, a estação foi aberta para embarque após tumulto e um manifestante furtou um cadeado com corrente dos portões, onde houve outro confronto. Uma manifestante deu uma cabeçada em um segurança e quando começou outro confronto, mais um segurança machucado: ele quebrou a mão!

Por esse motivo, fica evidente qual a intenção deste movimento, como já citado acima: – Só querem holofotes e chamar a atenção! Não abrem mão do confronto, mesmo que para isso tenham que provocar a ação, para depois filmar e se colocarem como vítimas, quando na verdade, eles são os causadores e provocadores de toda a ação!

Se realmente estivessem dispostos a lutar pelo trabalhador como alegam, iriam propor como reivindicação que o empregador pagasse 100% da passagem ao funcionário, como nosso bilhete de serviço, por exemplo, ao contrário de 94% que os empresários pagam hoje! Essa seria uma bandeira justa a defender!

Percebam que, ao apoiar tarifa zero, fazem exatamente o que o empresário mais quer: deixar de pagar a passagem a seus empregados. E com certeza, esse valor pago hoje (94%) não seria repassado ao funcionário e sim ficaria com o patrão! Logo, o MPL faz o jogo da burguesia e encanta quem acredita numa luta que só beneficia um lado!

Qualquer um é livre para defender aquilo que acredita e deve fazê-lo se tiver convicção disso, mas usar o nome de toda uma categoria em apoio a esse movimento é um erro. É necessário aprofundar essa discussão, pois ao dar apoio ao MPL e qualquer outro movimento extremista e deixar de lado parte da categoria (seguranças e OTMs que estão ali trabalhando e não são responsáveis pelo aumento, embora nos acusem de sermos), que são agredidos, coloca a direção do Sindicato numa situação difícil, pois como apoiar um movimento que agride metroviários?

Frente ao exposto, qual o sentido de apoiar um movimento que não agrega em nada as demandas dos metroviários e ainda nos agridem? A maior prova disso foi a greve do dia 18/01/2018 em que poderiam ter ido as ruas protestar, mas o fizeram no dia anterior, onde prova que a agenda deles em nada se iguala a nossa, a não ser pelo questionamento da tarifa!

Por isso, entendemos que essa discussão se faz necessária entre a categoria e que não seja somente uma decisão da diretoria em dizer que apoia o MPL, além de usar o nome do Sindicato e da categoria junto a quem nos agride e ataca!

Plano de Lutas
Doações feitas pelo Sindicato dos Metroviários!

Como é do conhecimento de todos, a direção do Sindicato divulgou o orçamento para o ano de 2018 com a previsão de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) em doações. E segundo um diretor do Sindicato, no ano passado a previsão era de R$ 100.000,00 (cem mil reais), onde as doações, segundo esse dirigente não teriam passado dos R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Mas o que de fato chama a atenção, são metroviários demitidos com processos na justiça tentando retornar à empresa (inclusive de um segurança que rifou sua moto para custear um plano de saúde para sua esposa), não tem apoio algum da direção do Sindicato!

Para se ter uma ideia, um integrante do motoclube afirmou que o Sindicato doou R$ 1.000,00 (mil reais) para fazerem um churrasco. E não para por ai! Existem outras doações que deveriam passar pelo crivo da categoria e não por decisão da direção do Sindicato. Ou ao eleger os dirigentes do Sindicato, entregamos um cheque assinado em branco?

Existem lutas que são justas e importantes, mas se nem os nossos, que se encontram numa situação difícil auxiliamos, qual o sentido de doações a entidades e órgãos de toda sorte? É preciso um estudo minucioso e um critério para efetuar essas doações e com a aprovação da categoria, afinal, somos nós metroviários que mantemos o Sindicato e nada mais justo que a nós seja atribuída a avaliação de casos específicos, como doações sem sentido para movimentos, inclusive o estudantil, entre eles, o próprio MPL!

 

Conjuntura Nacional
Reforma Trabalhista

Infelizmente, a CLT foi rasgada e temos uma nova classe trabalhadora: “o precariado”, que consiste na incerteza e insegurança crônicas. E o precariado está presente em diversas partes do mundo e agora chega forte ao Brasil, com a aprovação da reforma trabalhista e a lei da terceirização!

Em um país dominado por uma pequena parcela da sociedade, ou seja, cerca de 0,1% a população onde estão classificados os bilionários, a demanda é somente uma: o lucro acima de tudo! Mas para o proletariado, as conquistas consistiam em ter mais benefícios, um emprego decente e melhor, mas principalmente, o não a fuga de trabalho!

E o pior, abaixo dessas classes, ainda temos uma subclasse: – o lumpen-precariado, constituído por pessoas que se arrastam pelas ruas, na miséria. Estão de fato excluídos da sociedade, vivendo nas sombras da selva de pedra das cidades grandes! Para se ter uma ideia, um trabalhador, que ganha um salário mínimo, teria que trabalhar 19 anos para ganhar o que os novos bilionários do Brasil, segundo a Forbes, ganham em um mês!

São questões extremamente preocupantes e torna-se necessário discutir sobre isso e pensar em formas de combate a esse mal que está se enraizando no mundo e chega ao Brasil com força, graças a um governo que tem na sua agenda a destruição de décadas de luta para beneficiar a pequena parcela da sociedade que vive em um luxo que mal podemos imaginar!

 

Estatuto
Mudanças

No último congresso, promovido pela entidade, foi aprovado durante o mesmo o modelo colegiado, onde o modelo anterior de presidencialismo foi revogado. As eleições, que ocorreram no modelo de chapas elegeram diversas correntes para gerir o Sindicato e o que parecia ser um bom modelo de gestão, demonstrou ser péssimo do ponto de vista sindical, o qual deveria ter o foco no metroviário e suas demandas!
Fica evidente que é necessário retomar o modelo antigo de presidencialismo, porém com uma mudança que se torna necessária, ou seja, eleição nome a nome, sem a necessidade de participar de chapas, onde os mais votados de cada área devem assumir os cargos do Sindicato e diretoria de base, além dos suplentes.

Outro tema que poderia ser levado em consideração é o fim de duas fichas de filiação do mesmo candidato, onde somente uma seria ideal e, no caso de necessidade, tirar uma cópia da citada ficha!

O tempo de mandato, ao contrário de ser de 3 (três) em 3 (três) anos, aumentar 1 (hum) ano, ou seja, de 4 (quatro) em 4 (quatro) anos, reduzindo os gastos do sindicato em 1/3 com eleições no futuro.

 

Movimento Sindical
Passado x Futuro

No final dos anos 70, o movimento sindical ganhou força com paralisações em diversos setores da economia, entre eles, o sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo, responsável por promover uma luta intensa por direitos dos trabalhadores e, esta luta, expandindo-se para outros setores, como citado acima.

Já nos anos 90, essa luta mostrou-se mais interna, como lutas por PLR e PR, entre outras demandas dos trabalhadores frente ao cenário!

A partir dos anos 2000, o que parece ter ocorrido foi uma descentralização do sindicalismo, onde o mesmo voltou a tomar fôlego a partir da próxima década, onde surgiriam os primeiros protestos de rua após anos e a partir daí, passariam a ganhar força, eclodindo em 2013. E isto também foi um marco para o sindicalismo, pois foram discutidos diversos temas.

Mas o fato é que as pessoas, empresas e modos de gestão mudaram, porém, o modo de promover sindicalismo não! Logo, o que está em jogo é: como se adequar a uma nova realidade que está presente no dia a dia do trabalhador? E como promover um sindicalismo responsável e representativo perante o empregador para defender os interesses do funcionário? Essa é uma questão que deve ser levada a sério e ser executada da melhor maneira possível! Temos um cenário nacional desanimador, frente as execuções dos governos atuais. Logo, sem um modo eficiente de sindicalismo, não teremos condições de enfrentar o que está por vir.

As demandas sociais são necessárias e justas, mas até que ponto estão acima dos interesses da própria categoria? Que mantém o sindicato por meio das mensalidades justamente esperando por apoio da entidade quando necessário?

É necessário convencer a classe trabalhadora do cenário que estamos enfrentando, como piora nas condições de trabalho, empregos precários, salários ruins e sem os mínimos benefícios para o trabalhador! Como podemos perceber, é necessário trabalhar por convencimento aqueles que ainda não entenderam o cenário que estamos vivendo!

Assinam: Ricardo Nery OPS, Célia Andreia OPS , Rafael Barbosa OPS, Fany Kelly OPS, Faion OPS Lino OPS, Riodo Lopes OPS Brandão OPS, Ricardo Rodrigues OPS, Marcelo Dalana OPS, Jordão OPS, Marcelo Santos OPS, Fernando Chagas OPS, Damasceno OPS, Iran Silva OPS, Luciano Célio OPS, Alberto Rocha OPS, Geraldo Ribeiro OPS, Andrea Silva OPS, Robson Silva OPS, Marcos Lisboa GNG, José Souza OPS, Elivio GMT MTS, Fernandes Neto Michel GLG, André Luiz MTV, Roberto Alves OPS, Sebastião José OPS, Sergio Luca OPS, Souza Fernando OPS, Quarizini OPS, Vitor Martins OPS, Leandro Queiroz OPS, Pretel OPS, Danilo Martins OPS, Everton OPS, Danilo Silva OPS, Flavia Souza OPS, Eduardo Yuji GRI-CTR, Marcelo Paroche CCV, James Tayti OPS, Tatiana Lima OPS, Almeida Junior OPS, Pavarin OPS, Cinthia Roberta OPS, Aparecido OPS e Juliana Oliveira OPS.