Patativa! Patativa! – Autor: Roberto de Lacerda
Tenho uma bela história sobre o mestre PATATIVA DO ASSARÉ: Ele quando jovem era chamado apenas de Assaré, nome da sua cidade de nascimento. Mas ele foi crescendo e com seu crescimento cronológico foi crescendo também sua indignação com o habitual estado de coisas na "gloriosa" política brasileira. Ele então fazia discursos na principal e única praça de Assaré (rsrsrs), falando mal dos políticos, tanto do lugar quanto de todo o Brasil. Era época de pesada ditadura e alguém o denunciou ao delegado da cidade. O delegado o chamou à delegacia e disse a ele: "Sr. Assaré, o senhor sabe que todos nós respeitamos muito o senhor aqui, pela beleza e pela graça da sua poesia, porém, já denunciaram que o senhor anda fazendo rimas depreciativas contra os políticos brasileiros! Caso o senhor continue, serei obrigado a prendê-lo, mesmo sendo seu grande admirador!"
Assaré fez cara de coitado e disse ao "seu dotô" que não se preocupasse,porque ele iria parar com aquilo naquele dia mesmo. No dia seguinte lá estava ele na praça a deitar falação contra a corja que dominava o País…
Vendo-se em situação difícil, o delegado mandou dois jagunços, digo,policiais, prendê-lo lá na praça e eles o levaram "de braços dados" à delegacia. Acontece que o delegado tinha uma bela e frágil patativa que cantarolava o dia inteiro em sua gaiola, pendurada no recinto do cárcere.
Enquanto ele o conduzia para a prisão, ainda que a contragosto, o poeta olhou para o pássaro e disse a seguinte pérola: "PATATIVA, PATATIVA! O QUANTO QUE EU JÁ TE AMEI! VOCÊ ESTÁ PRESA PARA CANTAR E EU ESTOU PRESO PORQUE CANTEI!"
O "seu dotô" pediu para que ele repetisse o que tinha dito. O poeta repetiu o pequeno e belo texto e o delegado o libertou imediatamente…
Nunca mais o poeta, à partir daquele dia PATATIVA DO ASSARÉ, foi incomodado por autoridade nenhuma nessas "terras brasilis!