Terceirização: roubo do futuro metroviário
A Cia. do Metropolitano de São Paulo não se restringe ao metrô de maior densidade do mundo, que por si só não é pouco. Sempre foi, também, uma empresa geradora de tecnologia. Um conhecimento incalculável que o governo estadual ameaça extinguir
A terceirização de atividades de manutenção civil, trens e equipamentos, estação (arrecadação) levam à redução do quadro técnico com a perda de capacidade de atuar diretamente sobre os problemas do dia-a-dia.
Analistas e técnicos, transformados em gestores de contratos, acabam deixando de desenvolver soluções para os problemas, passando a meros “clientes” dos serviços terceirizados contratados.
É latente a ameaça ao emprego, não só para operadores e oficiais de manutenção, mas também para técnicos, analistas e engenheiros.
Ameaça que não vem só com a entrega de atividades diretas da operação, mas também na terceirização de áreas administrativas.
Recentemente foi divulgado um ambicioso plano de investimentos em informática com contratos de mais de R$ 100 milhões, valor equivalente a três trens novos completos. Tratada a pão e água durante anos, a TI (Tecnologia da Informação) da Cia. sempre teve excepcional desempenho, considerando-se seus escassos recursos. Lamentavelmente, quando se planeja investimentos, o pressuposto é terceirizar todas as atividades de TI.
Essa ameaça aos profissionais de TI não se limita a uma gerência. Devido ao grau de integração proposto pelas soluções que serão adquiridas, todas as áreas da empresa que desenvolvem ferramentas e/ou processos que usem ferramentas de TI terão que se submeter aos novos contratos.
Considerando que os contratos de terceirização de TI sejam, não somente assinados, mas também totalmente implementados, o desenvolvimento de praticamente qualquer procedimento em informática estará sujeito às contratadas.
O que se desenha para o Metrô é uma empresa engessada por contratos que comprometerão, sem nenhuma flexibilidade, seu orçamento (sendo renovados periodicamente). Em suma, projeta-se uma empresa que joga fora todo seu acúmulo de desenvolvimento tecnológico e sua autonomia na área de TI, ficando permanentemente dependente das multinacionais. É o roubo do futuro metroviário.