Movimentos sociais: a luta é uma só! Audiência ressalta a necessidade de união
Para combater a criminalização dos movimentos sociais é necessária a unidade dos que lutam. Esta foi uma das conclusões da Audiência Pública pela readmissão dos metroviários, realizada na noite de 12/8 (terça-feira). Antes da audiência, metroviários e militantes de movimentos sociais realizaram uma caminhada da avenida Paulista à Assembleia Legislativa, onde aconteceu o evento.
Além da solidariedade aos metroviários demitidos, a Audiência Pública foi realizada em favor das liberdades democráticas. A demissão por justa causa dos 42 metroviários é apenas um dos exemplos da onda repressiva que existe hoje no País, imposta pelos governo federal e estaduais, com prisão de militantes, aplicação de multas milionárias a sindicatos, entre outros atentados às liberdades democráticas.
Jussara Basso, coordenadora estadual do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), ressaltou que é preciso a união dos movimento sociais para enfrentar a repressão. “A polícia que reprime manifestantes é a mesma que mata nas periferias. A luta é uma só. Precisamos da unidade da luta”. “Cinquenta anos depois da ditadura, estamos falando em presos políticos e repressão. Que democracia é essa?”, questionou Jussara.
O professor Bruno, coordenador do movimento Nós da Sul, bateu na mesma tecla. “Precisamos de força para fazer barricadas contra os ataques. Precisamos lutar juntos”, afirmou Bruno, um dos organizadores da Ocupação Anchieta, na Zona Sul de São Paulo.
Ana Luiza, representante do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) na audiência, reforçou a ideia da união. “Precisamos estar unidos. Metroviários, trabalhadores do IBGE e organizações dos sem-teto enfrentam a mesma luta”, declarou.
Metroviários de cabeça erguida
Altino de Melo Prazeres Júnior, presidente do Sindicato dos Metroviários, comentou a luta pela readmissão dos trabalhadores após a greve realizada em junho deste ano. “Estamos tentando ocupar todos os espaços para mostrar que as demissões são ilegais. Não há provas de um vidro quebrado sequer. Quero que o governador Alckmin prove que houve motivos para demitir”, declarou Altino.
“As demissões foram uma retaliação à nossa luta e a todo o movimento organizado. Os metroviários demitidos estão de cabeça erguida. Nós vamos reverter este quadro. Alckmin não vai calar a boca do Sindicato e da sociedade”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metroviários.
Carlos Giannazi, deputado estadual (PSOL – Partido Socialismo e Liberdade) que convocou a Audiência Pública, lembrou que a Assembleia Legislativa é dominada politicamente pelo PSDB, o partido de Alckmin, o que tem impedido a apuração das denúncias de corrupção contra os tucanos. “Fizemos questão de realizar esta audiência na Assembleia Legislativa, que é um ninho tucano. A Assembleia é uma espécie de extensão do Palácio do Governo”, ironizou Giannazi.
Também participaram da Audiência Pública o deputado federal Renato Simões (PT-SP) e o deputado estadual Adriano Diogo (PT). A central CSP-Conlutas foi representada pela companheira Camila Lisboa, metroviária que foi demitida na recente greve. A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) foi representada por Wagner Fajardo.
Presentes também representantes da Unidos Prá Lutar, dos Sindicatos de Metroviários de Pernambuco e de Belo Horizonte (MG), do Sindicato dos Trabalhadores do IBGE, do Sindicato dos Previdenciários de SP e do Movimento Luta de Classes, entre outras organizações.
Diogo, representante dos metroviários pernambucanos, e Jaci, dos metroviários mineiros, repudiaram as demissões dos trabalhadores de São Paulo e manifestaram sua solidariedade a todas as iniciativas para a readmissão.