Nota sobre a violência sexual contra a jornalista do R7 no metrô
No dia 27 de maio de 2015, às 19:35, mais uma mulher foi vítima de violência sexual dentro do Metrô de São Paulo. Desta vez, ficamos sabendo pois quem sofreu as agressões foi a repórter do R7, que denunciou para o Metrô e para a mídia.
A atitude de denunciar é a melhor forma de tentar coibir essa prática tão nefasta, mas temos que dizer que infelizmente essa não é a reação da maioria das mulheres que sofrem violência, pois geralmente se calam, constrangidas e com medo de serem culpabilizadas. Fatos como esse atentam contra a dignidade da mulher, são ataques de violência sexual que humilham, menosprezam e machucam a mulher.
Em primeiro lugar, a Secretaria de Mulheres do Sindicato dos Metroviários se solidariza com a vítima, e declaramos também que estamos indignadas com essa atrocidade que atinge todos os dias dezenas de mulheres trabalhadoras que precisam do transporte público. Ataques que vão desde fotos não permitidas, encoxamento, ejaculações e até estupros. Nos colocamos à disposição da vítima para todas as providências necessárias e possíveis nesse caso.
Mas em segundo lugar, não podemos deixar de lembrar que nosso Sindicato vem há anos denunciando e exigindo do governo estdual e do Metrô atitudes de combate a essa violência.
O Metrô de São Paulo é um dos mais lotados do mundo, são quase 5 milhões de viagens por dia. Depois de 40 anos de sua inauguração só contamos com 78 km de metrô, quando a necessidade para a nossa cidade seria de pelo menos 200 km, demonstrando a falta de prioridade do governo em atender as necessidades da população trabalhadora que já paga caro pelo serviço.
A superlotação, um verdadeiro sufoco, é ruim para todos usuários, mas as mulheres sofrem duplamente, pois são vítimas de violência sexual. Essa verdadeira lata de sardinha nos horários de pico é um dos fatores que facilitam aos agressores machistas. Junto com isso temos a impunidade desse tipo de crime e a total banalização da violência contra as mulheres. Programas humorísticos que fazem do assédio sexual uma piada, dando a impressão que as mulheres gostam de ser importunadas, assediadas e violentadas. As mulheres não querem isso. As mulheres querem e devem ser respeitadas.
Nos últimos anos o número e viagens dobrou no Metrô, mas nem a construção das linhas e nem a quantidade de funcionários operativos teve esse crescimento. Em nota o Metrô diz: “O Metrô conta com mil agentes de segurança treinados para agir em benefício de todos os passageiros, sejam eles homens ou mulheres, idosos, adultos ou crianças, além de contar com câmeras de vigilância em trens e nas estações.”.
Acontece que esses 1000 agentes de segurança estão divididos em 13 escalas, 3 turnos e distribuídos em 60 estações, fora aqueles que estão de folga, férias ou mesmo de licença saúde. E tem mais: o Metrô não fornece treinamento específico para casos de violência contra as mulheres. O Metrô fala também que o número de casos diminuiu, mas não fornece os números.
Precisamos de mais metrô e mais funcionários, principalmente de mulheres na segurança, de uma delegacia de Mulheres no Metrô, de treinamento específico e de uma campanha contra o assédio. Ou seja, precisamos de mais investimento no transporte público, estatal e de qualidade e também de mais investimento no combate à violência contra as mulheres.