Editorial: O povo grego diz NÃO!
No último domingo (5/7), ocorreu um Plebiscito na Grécia que perguntava a opinião da população sobre a dívida externa do país. Há cerca de 5 anos a Grécia é o país mais afetado pela crise econômica que assola a Europa. O país atingiu a marca de 52% de desemprego entre os jovens, 40% das crianças vivendo abaixo da linha de pobreza e 45% dos aposentados estão pobres. Essa situação foi consequência da aplicação dos planos de austeridade implementado pelo governo do país até o início deste ano.
O termo Austeridade significa severo, rigoroso, grosseiro. Quando aplicado à economia significa maior rigor e controle nos gastos. Desde que estourou a crise, a Troika (Comissão formada pelo Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia) passou a impor à Grécia planos de ajustes, a chamada austeridade fiscal.
Na Grécia, algumas das medidas foram o corte de 30% dos salários dos funcionários públicos e o corte de 200 mil postos de trabalho. Esses planos são feitos para assegurar os lucros dos credores, em sua maioria bancos estrangeiros. Mais de 30 greves gerais se enfrentaram com essas medidas.
A pergunta do plebiscito era se a população aceitava um novo plano de austeridade, proposto pela Troika. As organizações dos trabalhadores na Grécia e em toda a Europa, e também o governo grego, fizeram uma forte campanha pelo NÃO, resposta esta que saiu vitoriosa com mais de 60% dos votos e apoiada com manifestações de milhares nas ruas gregas.
Essa vitória foi muito importante. A população grega está indignada com essa forma injusta de resolver a crise: os ricos continuam lucrando e os trabalhadores ficam miseráveis. É muito importante que a partir dessa vitória a população grega continue nas ruas demonstrando que a dívida já foi paga e que vai errar o governo grego no caso de querer renegociá-la.
O Sindicato apoia a luta do povo grego e enviou uma moção de solidariedade a eles. Isso também deve servir de reflexão para nós aqui no Brasil. Os planos de ajuste fiscal do governo do PT (e também do PSDB nos estados) não questionam, por exemplo, o fato de que mais de 50% do orçamento do país vai para o bolso dos banqueiros. Precisamos nos espelhar na força do povo grego e também dizer NÃO à austeridade fiscal brasileira.