Contra a privatização das bilheterias
O governo de São Paulo e a Prefeitura da capital já iniciaram o processo de entrega do sistema de arrecadação do metrô, dos trens e dos ônibus da capital à iniciativa privada. A primeira audiência pública que tratou sobre este tema aconteceu no dia 22/04, no Instituto de Engenharia, em São Paulo. Este é o primeiro passo para o processo de privatização de todo o sistema.
Segundo a proposta apresentada, a empresa privada que ganhar a licitação vai gerenciar a venda e recarga de cartões inteligentes, através do conhecido bilhete único.
Enquanto representantes do Metrô explicavam como seria o processo de concorrência e licitação da empresa privada que vai, literalmente, explorar as bilheterias do sistema integrado de transporte, dezenas de metroviários ocuparam o auditório onde aconteceu o evento para se manifestar contra a extinção de postos de trabalho, contra a terceirização das bilheterias e contra mais um processo de privatização promovido pelo governo tucano de São Paulo.
Privatização é precarização
O principal argumento das empresas públicas para defender a concessão do sistema de arrecadação é que a iniciativa privada é mais competente para ter esta mina de poder e de rendimentos centralizada em suas mãos, durante 30 anos.
Mas em sua intervenção, o presidente do Sindicato e da CTB, Wagner Gomes, fez a réplica desta falácia com muita veemência, relembrando que vários defensores desta medida descabida ajudaram a construir o Metrô, a CPTM e a SPTrans, e as tornaram as importantes empresas públicas que são hoje. Contudo, seria até incoerente tentar, agora, acabar com esta reputação em função de um projeto privatista.
Wagner Gomes deixou claro que é favorável à integração das modalidades de transporte, que vai trazer muitos benefícios para a população, mas que os metroviários e funcionários das demais empresas do sistema têm competência, experiência e treinamento adequados para continuar exercendo suas funções, e que tomará todas as medidas cabíveis para que não consigam entregar mais uma parte do patrimônio público brasileiro à iniciativa privada.
Com a palavra, o presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários) reforçou a motivação daquela manifestação, lembrando que o setor público é o responsável pelo socorro à iniciativa privada durante a crise econômica que atinge, hoje, principalmente os países ditos desenvolvidos. Portanto, o setor público tem competência, sim, para gerir o sistema de arrecadação integrado.
Mobilização necessária
O Sindicato vai acompanhar todo o calendário do processo licitatório e buscará a garantia dos direitos dos trabalhadores, inclusive juridicamente. Embora o diretor de Assuntos Corporativos do Metrô, Sérgio Corrêa, tenha afirmado que não haverá corte de pessoal na empresa, os metroviários devem manter a organização, unidade e mobilização em torno do compromisso de lutar pela garantia da manutenção de postos de trabalho.