Igualdade de direitos e oportunidades deu a tônica do 7º Encontro da Mulher Metroviária
Igualdade de Direitos: essa foi a frase que norteou os debates do 7º Encontro da Mulher Metroviária, ocorrido entre os dias 06 a 08 de maio, no Hotel Gran Rocca, em Atibaia – SP.
O encontro promovido pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo teve como principal objetivo debater temas que fazem parte do cotidiano da mulher trabalhadora, como as questões de gênero, saúde, aposentadoria e violência contra a mulher, assim como as dificuldades enfrentadas no ambiente de trabalho e na vida social. O evento contou com participação de 46 metroviárias de diversas áreas do sistema, da administração, operação e manutenção, até as terceirizadas.
A conjuntura e o papel das mulheres
A abertura do evento realizada na manhã de 07 de maio, e conduzida por Ivânia Moura, secretária de Assuntos da Mulher do Sindicato dos Metroviários de SP, contou com a participação de dirigentes que já comandaram a pasta, como Eraide Monteiro, Rosa Anacleto, presidente estadual da Unegro, e Elaine Damásio, secretária de Finanças da entidade; bem como dos presidentes da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – nacional e estadual de São Paulo, Wagner Gomes e Onofre Gonçalves, respectivamente.
Após a abertura teve início o debate sobre conjuntura nacional e internacional e a importância da participação da mulher na vida política, com Olívia Rangel – jornalista e coordenadora nacional da União Brasileira de Mulheres; Maria Luiza da Costa – socióloga e assessora da secretaria de mulher da CUT; e Camila Furchi – militante da marcha Mundial de Mulheres.
As palestrantes iniciaram o debate traçando uma análise da conjuntura nacional e internacional, sem se esquecer de comentar o relevante momento que se aproxima: as eleições presidenciais.
Maria Luiza parabenizou as organizadoras pela palavra de ordem do encontro por igualdade de oportunidades. Em seguida, ela exemplificou sobre o que trata o tema conjuntura e como ela entra na rotina dos cidadãos e cidadãs. A debatedora comentou a importância de entender de forma correta o que é conjuntura. A realidade do país politicamente falando.
Luizinha, como é chamada, destacou o problema da concentração da riqueza e o empobrecimento da grande parcela da população, que luta para sobreviver. “Estamos produzindo cada vez mais e ganhando menos, através da tecnologia. Esse processo, imposto pelo capital, aumenta a desvalorização do trabalho. Esse sistema quebra a solidariedade e divide os trabalhadores. E quando surge a crise seus impactos recaem sobre os ombros a classe trabalhadora, que paga a conta”, destacou.
Olivia Rangel tratou das mulheres no poder e a conquista de espaço. Para a jornalista, todos são assuntos de mulher, inclusive a política, pois é através dela, da criação de políticas públicas voltadas para as mulheres que elas vão conseguir melhorar as condições de vida, se libertando e conseguindo maior inserção em outras áreas como, por exemplo, o mercado de trabalho, o movimento sindical.
Ressaltou que apesar dos avanços obtidos nos últimos anos, ainda persiste uma subrepresentação feminina nos espaços de poder, na tomada de decisões para o país, apresentando dados divulgados pela União Interparlamentar (UIP), em setembro de 2009, que mostram que no Brasil apenas 9% dos parlamentares da Câmara Federal são mulheres. Com isso o país ocupa 107º lugar no ranking de participação feminina em 187 países.
“As mulheres tem condições e capacidade para governar, como vemos em países da América Latina. Devemos estar no palco e não nos bastidores. Queremos estar ao lado dos homens, nem atrás nem na frente”, reforçou Olivia Rangel.
As crises e seus impactos para as trabalhadoras e os trabalhadores foi o enfoca dado por Camila Funchi. De acordo com a militante, essas crises cíclicas, desencadeadas pelo decadente sistema capitalista, sempre cobram sua cinta da classe trabalhadora, que arca com o prejuízo.
A debatedora também abordou a inserção e participação feminina na sociedade. Para ela, as mulheres estão analisando e problematizando, pois vivem essa discriminação em sua vida. “O machismo está presente em diversos espaços, mundo do trabalho, no movimento sindical, dentro de casa, na sociedade em geral”, revelou a militante que também destacou os prejuízos que esse quadro gera à saúde da mulher.
“Somos nós responsáveis pelos filhos, idosos, as mulheres pobres, especialmente, têm que assumir essas tarefas. O trabalho que possuir valor não é apenas o produtivo, mas também o reprodutivo. Essas reformas neoliberais se apropriaram do tempo das mulheres. Não podemos pensar só em desenvolvimento. Mas sim com responsabilidade social e ambiental. Temos que pensar qual o tamanho do prejuízo que essa sobrecarga de trabalho significou para a mulher, com o sucateamento da saúde, da educação”, concluiu.
Valorização
Encerrando os trabalhos da parte da manhã, a socióloga Léa Maria Arruda, promoveu uma dinâmica com o objetivo de elevar a autoestima feminina. Ela esclareceu que desde o surgimento da humanidade as mulheres foram colocadas em segundo plano, sendo valorizadas, na maioria das vezes, por sua aparência e atributos físicos. Para ela esse sistema acaba com a autoestima daquelas que não se encaixam nos padrões da sociedade tirana que discrimina e cataloga. Fizeram parte desse relato experiências pessoais e cenas presenciadas por ela ao longo dos anos de profissão.
Durante a atividade as metroviárias encenaram peças com situações que fazer parte dia-a-dia na profissão ou na vida pessoal. As dificuldades enfrentadas como discriminação no ambiente de trabalho, a falta de compreensão, o preconceito e o assédio moral foram serviram de temas para atividade que se desenrolou de forma agradável e divertida. Ao longo da dinâmica a socióloga motivou a confraternização e interação total de todas as mulheres.
Por Cinthia Ribas
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