SOS São Paulo! Um estado muito aquém da propaganda
Já tratamos aqui e na edição do nosso jornal Plataforma sobre alguns problemas que os paulistas enfrentam em São Paulo, como os congestionamentos, falta de transporte público, excesso de pedágios e o atraso no desenvolvimento do estado que sempre foi considerado a locomotiva do país. Apresentamos estes temas de forma objetiva, mas, ainda assim, faltou espaço para abordar outras deficiências das políticas públicas implantadas pelos governos do estado de São Paulo há quase duas décadas. Como muitas pessoas ainda acreditam na aparência e parecem viver no mundo da propaganda que é feita em todo o estado, dedicamos esta página para denunciar a situação a que são submetidos os cidadãos que não têm condições de contratar serviços privados de saúde, educação e segurança pública. Situação que faz de São Paulo uma cidade que abriga parte de seu povo sem instrução e sem capacitação para conquistar empregos decentes; sem saúde para trabalhar e cuidar de suas famílias; e que cada vez mais atrai as pessoas para o submundo do crime.
Infelizmente, São Paulo é um estado muito aquém da propaganda!
Saúde pública na UTI
Recente pesquisa de satisfação realizada pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo com os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) apontou graves problemas na prestação destes serviços.
Isso porque 30% dos entrevistados afirmaram que demoraram até 6 meses para fazer um procedimento de alta complexidade, como quimioterapia, hemodiálise ou cateterismo.
Porque apenas 24% das grávidas que enfrentaram o trabalho de parto pelo SUS receberam anestesia raquidiana ou peridural, sendo que 14% deram à luz tomando apenas um “banho morno” para aliviar a dor.
Além disso, 18,9% dos pais disseram que seus filhos não tomaram nenhuma vacina ao nascer, e 30% deles relataram falta de vacinas na unidade, “sempre”.
Todos estes dados estão disponíveis na página eletrônica da Secretaria Estadual de Saúde, mas é importante ressaltar que isso só aconteceu depois que órgãos de imprensa e adavogados pressionaram a Secretaria para divulgar o resultado da pesquisa.
Ela pretendia esconder o péssimo desempenho do governo estadual, também, na área da saúde, já que a precariedade da prestação destes serviços vai além do que muitos podem imaginar e o conceito de humanização do atendimento tão primado pelo SUS está longe de ser colocado em prática no estado de São Paulo.
Que falta de educação!
Falta de qualificação do corpo docente, baixos salários, sistema de avaliação automática e a violência nas escolas são alguns problemas que fazem do sistema de educação público em São Paulo um dos piores de todo o país.
Quem tem filhos nas escolas estaduais e quem conhece professores da rede sabe o quão desafiador é depender deste serviço de ensino e ter este vínculo empregatício. Para se ter uma ideia, o estado mais rico da Federação remunera seus profissionais com valores abaixo do que paga o governo do Acre, o que é inadmissível, já que São Paulo é o maior estado e o que mais arrecada em todo país.
A expressiva adesão às greves realizadas recentemente pelos professores da rede estadual demonstra a gravidade desta situação de insatisfação profissional e de falta de resultados, no que diz respeito à educação dos cidadãos.
O governo estadual insiste em tentar qualificar este movimento como “político”, ao invés de implantar medidas efetivas para mudar este quadro. Os cidadãos paulistas precisam de ensino de qualidade, para ter boas oportunidades e colaborar com o crescimento do estado e com a melhoria da qualidade de vida.
Crise de in-segurança
Além da falta de valorização, de formação profissional e de treinamentos, a segurança pública no estado de São Paulo deixa os cidadãos reféns da violência pela falta de equipamentos e da ausência de implantação de políticas de prevenção criminal.
Ao contrário do que a propaganda do governo estadual tenta demonstrar, a segurança pública não tem prioridade, já que entre janeiro e outubro de 2009 foram gastos R$ 254 milhões em propaganda e apenas R$ 2,4 milhões em policiamento escolar. No mesmo período, Serra investiu R$ 18 milhões dos R$ 42 milhões disponíveis para instalação da polícia civil, e para a inteligência policial foram R$ 135 milhões do total de R$ 253 milhões orçados.
Prosseguindo com dados estatísticos, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública, em 2009 foram registrados 4.771 vítimas de homicídios, sendo que no ano anterior o número chegou a 4.690. São Paulo também bateu recorde de roubos em 2009, chegando a 257 mil ocorrências, 18% acima do ano anterior.
Enquanto isso, a população continua vítima da violência, na capital e no interior, tendo por completo o modo caótico de se viver no maior estado do país.
Criminalização dos Movimentos
Diante desta degradação constante, há categorias profissionais, como da saúde, os metroviários, professores e policiais civis, que se mobilizam e buscam o cumprimento dos seus direitos e da população de uma forma geral, seja por meio de atos públicos ou, no extremo caso, com a realização de greves.
Mas, além de manter os serviços públicos com uma péssima qualidade, o governo estadual trata estes movimentos reivindicatórios com truculência e violência, sem oferecer a menor possibilidade de diálogo, sempre, claro, com a complacência e blindagem da mídia golpista.
Se o estado de São Paulo continuar neste caminho, todo o potencial que tem para continuar sendo uma “terra promissora” será desperdiçado, e a locomotiva do país cumprirá papel de destaque nos índices dos piores lugares para se viver e trabalhar em todo o país.