Em novo edital, monotrilho vai custar e demorar mais

Após disputa inicial fracassar, Metrô estica prazos, corta escadas rolantes e elevadores e antecipa pagamentos. Extensão da linha 2-verde até Cidade Tiradentes ficará R$ 277 mi mais cara.

Após fracasso na primeira licitação, o monotrilho que o governo de SP quer construir na zona leste, ligando a Vila Prudente a Cidade Tiradentes, vai ficar R$ 277 milhões mais caro e demorará três anos a mais para entrar totalmente em operação.

Na primeira concorrência, de 2009, o governo fixou um valor de referência de R$ 2,09 bilhões para a obra, mas a menor proposta feita, pelo consórcio Queiroz Galvão/ OAS/ Bombardier, foi de R$ 2,99 bilhões. O Metrô considerou o valor alto e declarou a concorrência fracassada.

Anteontem, abriu nova licitação, mas elevou o valor para R$ 2,375 bilhões. A diferença (R$ 277 milhões) é 1/3 do orçamento anual da Secretaria Municipal de Transportes (R$ 919 milhões).

O novo edital também estendeu prazos -a previsão inicial, de que o monotrilho estaria totalmente em operação até setembro de 2012, agora foi modificada para, no mínimo, julho de 2015.

A extensão dos prazos está no contrato oferecido pelo Metrô: antes de 36 meses, agora terá 65 meses, ou seja, até o final de 2015, quando já tiver terminado até o mandato daquele que irá suceder a gestão José Serra/Alberto Goldman (PSDB) no governo.

Mais mudanças
Outras duas medidas foram tomadas para atrair interessados: a mudança da forma de pagamentos e a retirada de alguns itens do edital.
Os pagamentos serão feitos, segundo o Metrô, de forma "compatível com o suprimento de componentes e fabricação dos trens", para evitar que "preços sejam onerados em decorrência de custos financeiros desnecessários".

Ou seja, as empresas vão receber antes -na comparação com o cronograma do edital anterior- e, em troca, o governo terá de indexar menos os valores pagos.

Outra medida é a retirada de itens como escadas rolantes e elevadores, que "serão contratados quando as estações estiverem em construção", o que "desonera a proposta que será apresentada".

História
O contratempo na licitação é só mais um percalço na turbulenta história da obra, sucessora do projeto Fura-Fila, idealizado pelo ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000), que o prometera na campanha eleitoral de 1996.

No início, era um corredor de ônibus elevado sobre trilhos, que iria do Mercado Municipal ao bairro Sacomã. Na gestão de Marta Suplicy (2001-2004), mudou de nome para Paulista e virou um corredor de ônibus normal.

Com Kassab, houve duas grandes mudanças. Na primeira, mudou, de novo, de nome para Expresso Tiradentes e o trajeto foi ampliado até Cidade Tiradentes.

Em abril de 2009, com o apoio do então governador Serra, a prefeitura transformou o corredor de ônibus em monotrilho e incorporou o projeto à rede do metrô, como uma extensão da linha 2-verde, que liga a zona oeste (Vila Madalena) à zona leste.

No total, o trecho de monotrilho que está sendo licitado terá 23,8 km de extensão. Segundo o Metrô, o percurso, que hoje é feito em duas horas, será feito em 50 minutos.

Folha de S. Paulo, 16/08/2010

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Sindicato na história

O Sindicato dos Metroviários de São Paulo tem papel destacado no projeto de construção do monotrilho como extensão da Linha 2 – Verde. Mesmo porque, este último substitui a ideia inicial de levar metrô para as regiões extremas da Zona Leste.

Junto com outras entidades que representam as comunidades dos bairros envolvidos, como Vila Prudente, São Mateus, Sapopemba e Cidade Tiradentes, o Sindicato continuará mobilizado para pressionar os governos estadual e municipal a construir mais metrô nestas regiões, que apresentam uma demanda indiscutivelmente superior à capacidade que o monotrilho tem para transportar pessoas.

Para o Sindicato, milhões do erário serão investidos em um projeto que não atenderá as necessidades dos cidadãos, e ainda comprometerá uma possível chegada do metrô nos mesmo locais.

Saiba mais: 
Para especialista, o ideal é o metrô e não o monotrilho