Para especialista, o ideal é o metrô e não o monotrilho
Em matéria publicada pela Folha de S. Paulo de 16/07, o mestre em engenharia de transportes pela USP, Horácio Augusto Figueira, questiona a decisão do governo estadual substituir a construção de metrô de Vila Prudente a Cidade Tiradentes, pelo projeto do monotrilho. "Eu não tenho nada contra o monotrilho, mas ele terá capacidade para, daqui a cinco anos, suportar a demanda?", questiona Figueira. Segundo ele, se o fluxo for acima de 20 mil passageiros/hora, o ideal é o metrô e não o monotrilho.
A chegada do monotrilho ao extremo leste de São Paulo e a inauguração ainda neste ano da estação Tamanduateí do metrô -que vai permitir a conexão com a rede da CPTM- vão "implodir" a linha 2-verde, uma das mais confortáveis do sistema.
A previsão é do professor Horácio Augusto Figueira, mestre em engenharia de transportes pela USP. "A linha verde acabou", afirma.
Segundo ele, o primeiro impacto será neste ano, quando o metrô inaugura a estação Tamanduateí, onde já opera a linha 10-turquesa da CPTM, que vem do ABC.
A linha, que traz passageiros de cidades como Santo André e São Caetano, transporta em média, por dia útil, 300 mil passageiros.
Esses usuários poderão descer na estação Tamanduateí e, sem pagar nova passagem, pegar a linha verde em direção à avenida Paulista e à Vila Madalena.
Hoje, passageiros da CPTM fazem conexões com o metrô nas estações Brás, Barra Funda (as duas na linha 3-vermelha), Luz (linha 1-azul) e Santo Amaro (linha 5-lilás).
Leste-Oeste
Para Figueira, a esse primeiro impacto será acrescido um outro, decorrente da entrada em operação do monotrilho e do grande volume de moradores da zona leste que passarão a usar a linha 2.
"O que o governo está fazendo é uma nova linha leste-oeste", diz Figueira, referindo-se ao traçado final da linha 2, em 2015, ligando a Vila Madalena à Cidade Tiradentes. Hoje, a ligação leste-oeste é feita pela linha mais lotada do metrô, a 3-vermelha, que liga a Barra Funda (oeste) a Itaquera (leste).
"Eu não tenho nada contra o monotrilho, mas ele terá capacidade para, daqui a cinco anos, suportar a demanda?", questiona Figueira. Segundo ele, se o fluxo for acima de 20 mil passageiros/hora, o ideal é o metrô e não o monotrilho.
Para ele, o ideal é que o transporte público paulistano não aposte todas as suas fichas na expansão do metrô, porque haverá aumento muito grande da demanda nos próximos anos por conta da formação de conexões entre as várias linhas sobre trilhos.
"É importante avisar a sociedade que tem carro que é besteira reduzir corredores de ônibus", diz, defendendo mais corredores em eixos com demanda, como norte-sul e leste-oeste. "Não adianta achar que só a expansão sobre trilhos vai resolver."
Modelo certo
Em nota, o Metrô diz que "reafirma que modelos como metrô leve são indicados para a região entre a Vila Prudente e Cidade Tiradentes".
Entre as vantagens do sistema cita "a facilidade com que são automatizados e as modernas tecnologias de sinalização, que permitem a inserção de mais composições que atendam o crescimento da demanda, além da redução de intervalos".