Tese Geral Alternativa Metroviária, +Mais e Independentes

MOVIMENTO SINDICAL

2017: a resistência contra o ajuste fiscal mostrou sua força

O 8 de março foi histórico, com mobilizações massivas pelo mundo inteiro e um chamado internacional a greve de mulheres. O dia 15 de março teve grande adesão nacionalmente, com paralisações. O setor de transporte teve um papel decisivo com a nossa greve e dos rodoviários. Após esse dia a Greve Geral foi pautada na realidade e os trabalhadores sentiram confiança em suas próprias forças. A Reforma da previdência passou a ser repudiada pela maioria da população e a pressão obrigou as direções das centrais a chamarem um dia de paralisação.

O dia 28 de abril foi a maior Greve Geral do Brasil, com paralisações dos transportes e grande peso dos setores operários. Mesmo enfrentando uma campanha massiva da mídia, os trabalhadores colocaram o governo contra as cordas. O dia 24 de maio, com um grande ato em Brasília em que milhares de trabalhadores enfrentaram durante todo o dia a dura repressão do governo Temer, colocou a possibilidade de se avançar ainda mais, com uma Greve Geral de 48h contra o combalido governo Temer.


Aí veio a traição das direções das grandes centrais sindicais como a CUT e CTB que tiveram como prioridade a campanha do Lula, vendendo a ilusão para a classe que o caminho para superar essa situação não era a Greve Geral e sim as eleições de 2018. Assim como a Força Sindical e UGT que apoiam o Temer e se declaram contra a reforma trabalhista apenas por causa do imposto sindical. Traíram o dia 30 em troca de negociações com o governo sobre o imposto sindical. Tinha a possibilidade de derrubar não só as reformas trabalhista e da Previdência, mas o próprio governo Temer.

Vemos a classe trabalhadora lutando, vindo de 2016 em que houve o maior número de greves da história. Ainda que quase metade dessas greves tenham sido de apenas um dia, acreditamos ser um número importante. É possível e necessário irmos a uma nova greve geral, mas as direções do movimento, estão prontas para trair e a sustentar esse governo em troca de migalhas ou por campanhas eleitorais.


CSP Conlutas – Organizar os trabalhadores para superar as grandes centrais e suas direções traidoras


2017 demonstrou a necessidade de uma organização geral dos trabalhadores em nível nacional e a importância de uma central sindical que esteja do lado dos trabalhadores com independência dos patrões e dos governos burgueses.

A CSP Conlutas, é reconhecida por trabalhadores de diversas centrais pelo papel de destaque na luta pela Greve Geral, mesmo a central ainda sendo minoritária no movimento. Também teve um papel fundamental no enfrentamento no dia 24 em Brasília.

Achamos que os metroviários de São Paulo deve fortalecer esse projeto e se filiar a CSP Conlutas. Só garantiremos nossa existência, se derrotarmos a privatização e terceirização, os planos dos governos de conjunto e para isso necessita fortalecer a construção dessa central sindical que não traiu a classe neste momento decisivo.

TRANSPORTES

Transporte não é mercadoria, não às privatizações!

É importante constatar que o Brasil é o único dos países de dimensão continental que promoveu profundo processo de desmantelamento do modal ferroviário. As vantagens desse modal (trens de carga, de passageiros, metrôs, VLT’s) sobre o rodoviário são incomparáveis. O modal rodoviário que custa 5 vezes mais, tem pequena capacidade, emite muitos poluentes, eleva os gastos com o tratamento de várias doenças e destruição ambiental. Mas por que isso ocorreu?

Essa política desastrosa no setor de transportes visa atender os interesses das grandes construtoras, da indústria automobilista e petroleiras que buscam somente mais e mais lucros.

Desde a ditadura militar, passando por Collor, Itamar Franco e FHC foi intensificado o sucateamento do Setor ao mesmo tempo que se fortalecia a indústria automobilística. Empresas estatais e nacionais como a Mafersa e Cobrasma foram completamente destruídas. No seu auge as ferrovias no Brasil chegaram cerca de 30 mil km. Mas com os governos do PT não foi diferente, Lula junto com Dilma entregaram Estradas, Aeroportos e Portos, assim como Temer já anunciou a continuidade dessas privatizações.

Cerca de 30% das viagens são feitas a pé ou de bicicleta, devido ao alto valor das tarifas. O transporte de alta capacidade tem como principal modal os trens e metrôs e representam apenas 3% das viagens.

Em 1998 Marcelo de Alencar (PSDB) privatizou Metro e a Ferrovia no RJ, sendo hoje o estado onde o preço da passagem é a mais cara do Brasil. Nos último anos Dilma (PT), e agora Temer (PMDB) tentam privatizar os Metros ligados a CBTU (PE, RN, BH) e a Trensurb (RS) que só não ocorreu devido a grande resistência dos trabalhadores e seus sindicatos.

Em todo o país os tubarões das empresas de ônibus além de aumentos absurdos nas passagens já trabalham com o fim da função do cobrador, mesmo com muita luta dos rodoviários, mas parte dos ônibus já funcionam sem esses trabalhadores.

Em SP Dória quer retirar 1000 ônibus das ruas e segue tentando acabar com os cobradores. Alckmin fez a concessão da L4 garantindo todos os lucros aos empresários. Até janeiro desse ano pagava R$0,24 a mais por passageiro transportado e realizou um leilão de cartas marcadas entregando a L5 e L17 com condições ainda mais favoráveis. Anunciou ainda a intenção de entregar as Linhas 15 e 2.

Junto com a Fenametro, metroviários e ferroviários do país, precisamos atualizar a cartilha de 2% do PIB para os transportes, buscar a unidade com os usuários e a população porque nossa luta é uma só! O aumento da passagem é uma das consequências do avanço das privatizações e uma das lutas que podemos construir unidade com a população.

Por um transporte público, estatal e de qualidade, com tarifa zero e sob o controle dos trabalhadores, propomos:

– Unificar a Luta de todo Setor de Transporte!

– Não à Privatização

– Cancelamento das privatizações!

– Regulamentação da Profissão Metroviária!

– Tarifa Zero!

– Atualizar a cartilha de 2% do PIB!

OPRESSÕES

Foi-se o tempo em que se imaginava não haver espaço no movimento sindical para as discussões especificas das mulheres, LGBTs e negras e negros. Estes setores não só são os principais atingidos dos grandes ataques de governos e patrões, como também a vanguarda da classe trabalhadora na luta por direitos. É só observar as ultimas grandes lutas que movimentaram nosso país.

No 8 de Março de 2017, as mulheres saíram as ruas em mais um dia Internacional de Luta das mulheres. Mas, dessa vez, além das pautas por direitos civis e reprodutivos, encabeçaram também o primeiro grande dia de luta contra a reforma da previdência. Este ato, posteriormente, seria considerado o grande pontapé inicial da Greve Geral de 28 de Abril. No metrô, é importante registrar a histórica luta da secretaria de mulheres contra o assédio no meio de transporte, tema que foi muito presente nos últimos anos, sobretudo em 2017, quando a pauta esteve presente nas principais mídias do país.

Também foi bastante significativo o levante dos LBGTs contra a chamada “Cura Gay”. Em um período onde muitas figuras ultra conservadoras tem ganhado destaque, marchar publicamente pelo direito de amar é uma prova de coragem que deve nos inspirar.

Para os negros e negras a exploração e necessidade de luta não são nem um pouco recentes. Sempre foram a “bucha de canhão” do capitalismo: desde seus primórdios, utilizados como mão de obra escrava possibilitando assim a revolução industrial, até a atualidade, onde ocupam majoritariamente os postos de trabalho que menos pagam, com menos acesso à direitos e sendo maioria nos presídios e na fundação casa.

Em contrapartida, assistimos a uma forte resistência destes que mais sofrem: vimos à greve dos garis cariocas, os rolezinhos nos shoppings, as constantes denúncias e passeatas contra a violência policial (principalmente no RJ), a luta pela liberdade de Rafael Braga.

Todos estes elementos são provas concretas de que a luta dos oprimidos é luta fundamental da nossa classe. E isto não seria diferente na nossa categoria. A cada dia têm surgido novos ativistas metroviários querendo discutir, se organizar e militar pelas pautas identitárias.

A Secretaria de Mulheres, LGBT e de Negras e Negros devem ter autonomia pra elaborar políticas que possam contemplar estes setores e aproximá-los do sindicato. Se o sindicato se fechar para estas discussões, perderá muitos colegas da categoria. Pior, estes poderão ser ganhos pelo falso discurso de diversidade que o Metrô apresenta.

Para isto, a mudança deve começar internamente a diretoria do sindicato. Atitudes machistas, Lgbtfóbicas e racistas jamais poderão ser naturalizadas. Principalmente quando vindas de dirigentes sindicais. Neste sentido, as polemicas que possam surgir ao redor de casos deste tema, devem ser encarados como uma oportunidade de crescimento e aprendizado para diretores que não estão familiarizados com tais questões.

A opressão afastou e afasta muitos bons militantes que podem ser essenciais na luta contra os governos e direção da Cia. É importante que esta discussão esteja cada vez mais em nosso dia a dia militante.

 

CAMPANHA SALARIAL E PLANO DE LUTAS

Hoje o capitalismo vive um dos seus piores momentos e uma das suas piores crises. Esse sistema que produz extremas desigualdades, para se salvar da crise, precisa aumentar o nível de exploração dos trabalhadores, privatizar o patrimônio público, cortar investimentos sociais e atacar os direitos dos trabalhadores. É nesse cenário que teremos mais uma campanha salarial.

A direção do Metrô e governo Alckmin tenta implementar a todo custo a reforma trabalhista e ampliar a terceirização em todos os setores:

– Avança a entrega das bilheterias e com a nova chefe do OPE que demonstra total despreparo e incompetência, implanta uma gestão com perfil autoritário e truculento , além de estar alinhada ao plano de estruturação da empresa para entrega-la à iniciativa privada

– A Segurança com número de ASs insuficientes é forçada a enfrentar as consequências da crise econômica com a falta de emprego e aumento dos ambulantes.

– No Tráfego a empresa tenta piorar as condições de trabalho e implantar trens sem OTs.

– Na Manutenção os planos de “reestruturação” tem como objetivo terceirizar várias atividades e retirada de direitos como a Periculosidade.

– A Privatização da L5 e L17, demonstra o grau de desespero e do que eles são capazes, conduzindo um leilão de cartas marcadas até o fim, num grau de cinismo absurdo.

A categoria tem resistido heroicamente, mas a privatização e terceirização avançam mostrando a necessidade de unificar a luta

Na última campanha salarial a empresa não conseguiu impor sua agenda de reduzir direitos como a retirada da periculosidade e teve que voltar o pagamento os steps. Reivindicações históricas como a equiparação dos Oficiais de Instalações e GLG, e participação dos ASs no concurso interno podem se concretizar com a luta. Garantimos a meia hora remunerada de refeição, as jornadas noturnas da Manutenção com no máximo 7 horas, escala 4x2x4 e 6x1x3x4, além de outras.

Em defesa dos direitos mais gerais da classe trabalhadora fizemos 2 greves em 15/março e 28/abril contra as Reformas do Governo Temer e do Congresso Corrupto. Diante da legitimidade dessas lutas nenhuma das 2 greves foram consideradas abusivas. A unidade dos trabalhadores em nível nacional impediu que o governo aprovasse a Reforma da Previdência. No entanto sofremos alguns ataques que só a luta pode reverter.

Por isso, propomos:

– Não à Privatização e Terceirização!

– Ampla campanha em defesa do Metrô público e estatal de qualidade rumos a tarifa zero intensificar a Carta Aberta e articular um fórum com o movimento sindical, social, popular, personalidades, intelectuais, etc

– Participar e impulsionar as lutas contra as Reformas e ataques dos governos!

– Avançar no debate sobre a abertura de catraca na categoria!

– Pendências da campanha salarial: reintegração dos demitidos, equiparação dos oficiais de instalações e GLG, participação dos ASs nos concursos da GOP.

– PR igual e Equiparação salarial!

– Plano de Carreira da Manutenção!

– Defesa da Periculosidade e do Metrus!

– Estabilidade já!

ORGANIZAÇÃO DE BASE E ESTATUTO

Eleição Chapa contra Chapa e Conselho Deliberativo

A forma como se organiza o Sindicato é um tema fundamental para melhor organizar a luta. Não existe uma fórmula pronta e acabada, mas o melhor modelo é aquele que garante a democracia operária e estimula a participação dos trabalhadores. Há uma confusão razoável neste tema, por isso queremos apontar alguns elementos e uma proposta que apresente uma saída.

Nosso estatuto foi alterado no último congresso estabelecendo uma eleição proporcional com eleição nome a nome nas áreas. O argumento central para essa mudança foi que tornaria o Sindicato mais democrático. O problema é que na prática isso não aconteceu! O Sindicato voltou a ter um perfil mais burocrático, a base participa menos das decisões, voltou a ideia de “donos de secretarias”, as secretarias que funcionavam no modelo de comissão retrocederam, etc.

Com visões e concepções sindicais distintas a diretoria não representa uma direção, um farol, um norte para a categoria. Nesse caso a diferença de opiniões que é muito saudável na luta política, também passou a ser visto como um desvio, uma diretoria em “briga” pelas suas posições. O que é uma virtude (democracia e debate de opiniões) se transformou em defeito.

Podemos tentar resumir de forma simples que hoje na diretoria há 2 visões:

– um setor que reivindica a mobilização para garantir conquistas e direitos

– e outro que prioriza a negociação com a empresa ao invés de mobilizar

Essas diferenças são legítimas! E cabe a categoria escolher num processo de eleições limpas, garantidas com democracia operária qual o projeto quer a frente do seu Sindicato pelos próximos 3 anos.

Nesse sentido também achamos que após o processo democrático onde a categoria decidiu a sua direção, não pode haver um sentimento de vencedores e derrotados. Esse sentimento já levou a aqueles que poderiam ter sido os eleitos se afastassem da luta por 3, 6 anos sem participar de atividades da categoria como assembleias, cartas abertas, piquetes, atos, mobilizações, setoriais, etc.

Achamos que uma forma de garantir um sistema saudável seria um conselho deliberativo composto por cipistas, delegados sindicais e conselheiros do Metrus, garantindo a este órgão poderes superiores aos da diretoria executiva e inferiores a Assembleia e Congresso da categoria.

Mas sem impulsionar e estimular que os trabalhadores tomem seu destino em suas próprias mãos não será possível fazer com que a luta avance e para que isso se concretize é necessário que se realize eleições para delegados sindicais e cursos de formação, apoiar as CIPAs e estimular o funcionamento das comissões sindicais de base.

Propomos:

– Eleição do Sindicato majoritária: Chapa contra Chapa, com as regras atuais de representação de áreas, número mínimo de diretores e cota de mulheres;

– Conselho deliberativo com reuniões a cada 2 meses;

– Eleição de delegados sindicais;

– Buscar a representação dos metroviários das linhas privatizadas e terceirizados;

– Formação sindical para os ativistas.

Assinam: Raimundo Cordeiro OE/BTO – Coordenador Geral do Sindicato, Celso Borba – AE/PSO – Presidente da Fenametro, Altino – OT/L1 e Diretor da Fenametro, Narciso – OT/L5 e Diretor do Sindicato, Gustavo – AS/L1 e Diretor do Sindicato, Carlão – CCV/L2 e Diretor do Sindicato, Vania Maria AE/TTE e Diretora Sindicato, Maridalva OT/L1 e diretora do Sindicato, Ana Borguin AE/CNS e diretora do Sindicato, Flávio MTS/PIT e diretor do Sindicato, Messias AS/L3 e diretor do Sindicato, Ricardo Lourenço AS/L2 e diretor do Sindicato, Felipe Bisulli AE/CNS e diretor do Sindicato
16 Camila Lisboa AE/DEO e diretora da Fenametro, Marisa OT/L1 e Diretora da Fenametro, Silva Alberto AE/LUZ e cipista, Miron – AE/SCZ, Herbert – AE/TTE, Alisson – OE/JQM, Durval – OE/LUZ, Luana Diniz AE/BTO, Elisabete Moraes – AE/VGO, Vitor Ribeiro – OT/L2, Cláudio Alves – OT/L2, Celso Martins – OT/L2, Caio Dorsa – AE/L2, Solange – AE/VTD e Diretora Fenametro, André Saraiva AS/L1, Peretti AS/L1 e Cipista, Isaac CCO, Julia Paz AS/L3, Camilo – AE/BFU e Cipista, Luisão – EPB e Vice Presidente Cipa, Nelsinho – EPB, Ricardo – VPN/L2 e Cipista, Amoedo AS/L5 e Vice presidente da Cipa, Inacio – AS/L5, Marcel Giglio – AE/L15, Chiquinho – PCR/Not, Priscila Guedes AE/CPL, Eli Moraes AE/LUZ e Cipista, Leticia Freitas AE/TTE e Cipista, Eduardo Loeck AE/REP, Marcelo Fernandes AE/ANR, César Oliveira – OT/L1, Rodnei MAN/POT, Maria do Carmo – OT/L3 e Agnaldo (Zé Gotinha) VPL/PIT.