Falha de sistema afeta horários na Linha 2
Dificuldades de instalação e falhas no sistema de Controle de Trens Baseado em Comunicação (CBTC, em inglês) do Metrô estão por trás do atraso na ampliação do horário de funcionamento das quatro estações inauguradas neste ano. Segundo funcionários do Metrô, as Estações Vila Prudente e Tamanduateí, da Linha 2-Verde, devem operar comercialmente só em janeiro ou fevereiro. As duas da Linha 4-Amarela nem têm prazo.
A Alstom – empresa que instala o CBTC na Linha 2-Verde – informa, por nota, que 'por ser um sistema novo e ter a interface com o sistema atualmente existente, assume-se que estas situações sejam previsíveis', mas que estão sendo controladas. Segundo a empresa, o que está sendo feito 'é o equivalente a trocar a turbina de um avião com ele em funcionamento'.
O sistema é um dos pilares do programa de expansão do Metrô. Ele permite reduzir a distância entre trens e, assim, diminuir os intervalos entre as composições e a superlotação. Na Linha 2-Verde, o CBTC só está no trecho entre Sacomã e Vila Prudente. Mas o plano do Metrô é instalá-lo em toda a linha.
Técnicos dizem que o CBTC ainda não alcançou a precisão necessária para uma operação segura. Há relatos de trens que não param no ponto exato das plataformas, acionam indevidamente o freio de emergência e obrigam maquinistas a assumir a direção manual. E as portas da plataforma só abrem automaticamente com o trem no lugar.
As queixas ganham peso quando há comparação com tempo de operação assistida de estações inauguradas no passado. A Santos-Imigrantes, por exemplo, teve horário reduzido por apenas 15 dias. A Alto do Ipiranga nem teve o horário especial. Mas, nas novas estações, a espera já passa dos 70 dias.
Moradores, especialmente da região de Vila Prudente, na zona leste, e de São Caetano, Santo André e Mauá, no ABC paulista, estão impacientes. A operação assistida funciona das 8h30 às 17h.
Na Estação Vila Prudente, que abre às 8h30, as filas começam às 8 horas. 'O pessoal se amontoa na porta da estação para pegar o primeiro trem e não chegar atrasado', reclama a assistente comercial Natália Junqueira, de 26 anos. Na volta para casa, também é preciso mudar a rotina. 'Saio mais cedo do trabalho (às 16 horas) para pegar a estação aberta', conta a supervisora Marta de Melo, de 52 anos.
Nova linha
No caso da Linha 4-Amarela, que também tem CBTC, o sistema só tem permitido que um trem circule em cada sentido. E a importância do sistema é ainda maior, já que os trens não têm maquinista. Dos 12 trens da linha, só dois estão em operação.
A diferença é que, nessa linha, privatizada, a tarifa já é cobrada – mesmo com funcionamento apenas fora do pico.
Em nota, o Metrô não comentou os problemas nem deu prazo para que funcionem no horário completo. Segundo a companhia, a instalação de um novo sistema de alta tecnologia 'requer uma série de testes que demandam um tempo muito maior do que o normal'.
Por Bruno Ribeiro, estadao.com.br