Metrô “independente” impede a privatização?
Os dirigentes e gestores do Metrô inventaram a tese de que o Metrô precisa economizar dinheiro para deixar de ser dependente e, com isso, evitar a privatização. Essa tese não se confirma na realidade
O primeiro problema desta teoria é que, por causa dela, o Metrô está deixando de utilizar parte de verbas públicas previstas para serem utilizadas na nossa empresa. Os dirigentes e gestores do Metrô querem provar que a empresa pode funcionar sem recurso público para que os salários deles não precisem ficar abaixo do teto estadual. Ou seja, fruto dessa teoria, o Metrô deixa de investir em qualidade e segurança dos usuários e em direitos dos funcionários, para garantir os supersalários dos dirigentes da empresa.
O segundo problema é que a redução de custo não evita a privatização. Mesmo com toda essa “ginástica”, o governador Tarcísio segue seu projeto, com previsão clara de entregar a Linha 1 em 2025, de forma casada com a nova Linha 20. A prova disso é que, no dia 31/7, o governador convocou os Diretores de Operação, de Assuntos Corporativos, de Finanças e de Engenharia do Metrô, além do próprio presidente, para uma reunião no Palácio dos Bandeirantes para apresentar a proposta de concessão. O que ocorreu nesta reunião? Os diretores do Metrô falaram para o governador sobre essa teoria? Falaram o que já disseram para o Sindicato de que não querem que a empresa seja privatizada? Nossa impressão é de que a reunião foi marcada por pressão/ameaças e/ou ofertas convidativas. Seria importante que os dirigentes da empresa se pronunciassem sobre isso.
O terceiro problema dessa teoria da “redução de custo para não privatizar” é que ela vai na contramão de todos os metrôs do mundo, pois todos recebem subsídio público. Os dirigentes do Metrô querem inventar uma fórmula que não funciona em nenhum metrô, nem aqui em São Paulo, pois as linhas privadas recebem muito dinheiro público para funcionar e garantir o lucro dos seus acionistas. A diferença entre o que ocorre pelo mundo e a teoria dos dirigentes do Metrô é que empresa de transporte público de massa não pode pensar que o seu resultado tem que ser lucro, ela deve pensar que o seu resultado deve ser transporte seguro e de qualidade com passagem barata, para assegurar o direito social ao transporte.
Novo Plano de Carreira Cargos e Salários, GFs e privatização: tudo a ver
É por causa dessa lógica da “redução de custos” que o Metrô tem apresentado medidas como as do Plano de Carreira, pois essa lógica está presente no novo plano: menos postos de trabalho para “economizar” dinheiro e aumentar a produtividade dos trabalhadores.
A referência clara do Plano de Carreira é a distribuição de funções das Linhas 4 e 5, aonde os trabalhadores acumulam serviços fundamentais, como a operação do trem, o atendimento aos passageiros, o trabalho de segurança pública e os serviços de manutenção. Além disso, os trabalhadores tem jornada de 44 horas semanais e bancos de horas exorbitantes.
O processo de seleção do novo Plano de Carreira para promoções parece totalmente obscuro e se assemelha ao que foi feito com a nomeação dos GF’s no final de ano de 2023: os chefes escolhem a dedo, sem critérios técnicos ou objetivos, buscando criar um “exército” de pessoas que não farão parte das lutas e ações da categoria. Porém, no novo Plano de Carreira, não vai ter salário dobrado para isso. Aliás, para as nomeações para GF não houve preocupação de “economizar” dinheiro. Quando se trata de atacar e dividir a categoria, o Metrô não economiza em nada.