MPL: À serviço de quem? – Tese sobre Transportes
A cada ano que passa temos uma tarifa mais cara no transporte público brasileiro e um serviço que deixa a desejar e evidencia que o lucro é a peça chave de um mecanismo que forma o sistema que chamamos de transporte.
Em diversas cidades, protestos contra o aumento das tarifas começaram a ocorrer, promovidos por estudantes que, em desacordo com os governos, que a todo ano alegavam os altos custos do transporte, baseados em suas políticas de incompetência para a sociedade e visível favorecimento a empresários gananciosos!
Em São Paulo não foi diferente. Em março de 2011, protestos ocorreram e uma dessas manifestações foi parar na estação Anhangabaú da Linha 3 – Vermelha, quando os manifestantes do Movimento Passe Livre (MPL), com sua linha de frente, tentaram invadir a estação, com o objetivo de afrontar os metroviários, como se esses fossem os responsáveis pelo aumento da tarifa.
O saldo dessa manifestação foi a categoria atacada por uma chuva de pedras, garrafas, pilhas e ovos com tinta, numa manifestação chamada “pacífica”. Seguidas desta, outras manifestações foram organizadas e no ano de 2013 ganharam força com apoio massivo da população, que fechou a Avenida Paulista. Na época, governo e prefeitura voltaram atrás no aumento.
Neste ano de 2018, não foi diferente, ao final do 1º ato contra o aumento da tarifa, a dispersão, os manifestantes do MPL causaram tumulto em São Bento, Pedro II, Brás e Bresser.
Se realmente estivessem dispostos a lutar pelo trabalhador como alegam, reivindicariam que o empregador pagasse 100% da passagem ao funcionário, como nosso bilhete de serviço, por exemplo, ao contrário de 94% que os empresários pagam hoje. Essa seria uma bandeira justa a defender.
Percebam que, ao apoiar tarifa zero, fazem exatamente o que o empresário mais quer: deixam de pagar a passagem a seus empregados. E com certeza, esse valor pago hoje (94%) não seria repassado ao funcionário.
Qualquer um é livre para defender aquilo que acredita e deve fazê-lo se tiver convicção disso, mas usar o nome de toda uma categoria em apoio a esse movimento é um erro. É necessário aprofundar essa discussão, pois ao dar apoio ao MPL e qualquer outro movimento extremista e deixar de lado parte da categoria, coloca a direção do sindicato numa situação difícil, pois como apoiar um movimento que agride os metroviários?
Frente ao exposto, qual o sentido de apoiar um movimento que não agrega em nada as demandas dos metroviários e ainda nos agridem. Por isso, defendemos que essa deliberação de apoiar movimentos como o MPL passe pela categoria, e não seja apenas uma decisão da diretoria.
Assinam: Ricardo Nery, Célia Andreia, Rafael Barbosa, Fany Kelly, Faion, Lino, Riodo Lopes, Brandão, Ricardo Rodrigues, Marcelo Dalana, Jordão, Marcelo Santos, Fernando Chagas, Damasceno, Pavarin, Luciano Célio, Alberto Rocha e Geraldo Ribeiro.