Sobre as declarações de Datena contra a segurança do metrô de SP
Indignação é a palavra que resume o sentimento dos trabalhadores metroviários após declarações mentirosas e parciais do apresentador do programa Brasil Urgente, José Luiz Datena, na Band, no dia 1º de setembro, sobre a atuação dos trabalhadores da segurança do metrô de São Paulo.
Datena, sem responsabilidade e sem apurar a veracidade dos fatos, disse em seu programa que seguranças do metrô haviam agredido um usuário que veio a falecer, após uma abordagem rotineira, o que causou grande comoção entre trabalhadores e usuários.
Segundo os trabalhadores que realizaram essa operação, houve um chamado na estação Anhangabaú para acompanharem um grupo de pessoas, que estavam visivelmente alterados e tinham burlado o sistema.
Após acompanhamento até a estação Sé do metrô, onde foi constatada a visível alteração do comportamento do grupo, que poderia ocasionar danos maiores aos usuários, foi realizada uma abordagem, sendo solicitado ao grupo que se retirasse do sistema, conforme procedimento do Metrô, momento este em que um dos indivíduos se sentiu mal e foi socorrido até o PS mais próximo, onde veio a falecer por decorrência de uma overdose, segundo os médicos. O que deve ser apurado.
Nas imagens das câmeras do metrô não é constatada nenhuma agressão por parte da segurança contra o jovem, assim como no IML não foram encontradas marcas de agressão, segundo informações do próprio delegado da DEATUR que investiga o caso.
Mesmo com tantos indícios que confirmam a versão dos trabalhadores, Datena, no programa do dia 1º de setembro, imputou à segurança a responsabilidade pela morte do jovem. O que se espera de um programa que se diz jornalístico é, no mínimo, seriedade na apuração dos fatos para depois propagar suas notícias, principalmente se tratando de uma acusação tão grave, como as feitas pelo apresentador Datena contra trabalhadores.
O show de horrores e violência transmitidos em programas de televisão, como o do apresentador Datena, se aproveita do sentimento de insegurança dos trabalhadores e extrapola o limite jornalístico, agindo como acusador e sentenciador. Suas ofensas aos trabalhadores da segurança do metrô mais parecem suas opiniões pessoais do que a cobertura dos fatos, tamanha a raiva e discrepância nas informações repassadas ao seu público.
A segurança e os demais trabalhadores metroviários sofrem duros ataques por parte do metrô e do governo do estado, que vêm levando a cabo sua política de privatização, precarizando o serviço e sucateando o metrô de São Paulo. Só para se ter uma ideia, o número do quadro da segurança não acompanha o crescimento populacional de usuários do sistema.
Hoje, a segurança, por força dessa política de descaso do governo estadual e do Metrô, está sobrecarregada e tem seu quadro de funcionários reduzido; na maioria das vezes, uma dupla de seguranças é responsável por mais de três estações, jornadas de trabalho extensa e cansativa, além da pressão pelo aumento da criminalidade dentro do sistema.
Somente neste ano houve um aumento significativo de trabalhadores, principalmente da segurança, que se afastaram do trabalho por sofrerem agressões físicas, psicológicas e ameaças de morte. Mesmo com estes duros ataques, a segurança do metrô é motivo de muito orgulho para a população e para o conjunto dos trabalhadores, pois desempenha o papel de uma segurança civil, humanitária e social.
Os trabalhadores e usuários enxergam nos metroviários o modelo de uma segurança que não utiliza da repressão para cumprir seu dever e que, ao longo desses mais de 40 anos de sua existência, tem como prática a preservação da vida.
Neste sentindo, reafirmamos a irresponsabilidade do apresentador Datena em apresentar acusações contra trabalhadores sem a conclusão formal dos fatos. O Sindicato dos Metroviários de São Paulo solicita da Rede Bandeirantes de Televisão e do programa Brasil Urgente direito de voz e de resposta contra esta e muitas outras acusações proferidas pelo apresentador José Luiz Datena. Estaremos também nos reunindo com o nosso corpo jurídico e avaliando quais medidas legais poderão ser tomadas.
Sindicato dos Metroviários de São Paulo