Saudades do holerite do meu pai
Lembro-me do tempo de criança, quando papai recebia seu salário dentro de um envelope contendo cédulas e moedas. Hoje seria considerado arcaico, porém, não correríamos o risco de cobranças indevidas, tarifas de extratos e saques, bloqueio de salário sem aviso prévio, em decorrência de empréstimos ou cheque especial, entre tantas outras mazelas que todos os bancos utilizam com o aval do Banco Central, órgão que apenas estipula o máximo e o mínimo da tarifação e juros.
Há pouco tempo, quando cliente da Nossa Caixa, sentia saudades do Banespão, e hoje percebo o quanto a Nossa Caixa era "nossa" mesmo! Também, mediante tantos arbítrios que o Banco do Brasil (BB) vem causando a seus clientes, em especial à nossa realidade metroviária.
Vejamos a missão do BB: "Ser o banco popular dos brasileiros, que promove a cidadania financeira, com inclusão bancária e acesso fácil ao crédito, incentivando a geração de trabalho e renda para o desenvolvimento econômico e social" (faltou dizer que trata-se de um instrumento estatal puramente capitalista e braço monopolizador das regras bancárias em nosso país, com uma das tarifas bancárias mais caras do país).
O Banco do Brasil, maior instituição financeira do país, registrou lucro líquido de R$ 11,7 bilhões em 2010, resultado 15,3% maior do que o apurado em 2009. O balanço do BB foi comunicado ao mercado nesta quinta-feira de 16/02.
Posto isto, entendemos ser necessário uma ação conjunta em relação ao abuso sistêmico que o BB está impondo aos seus clientes (somos clientes? – A Cia. do Metro é cliente?). De imediato esta ação poderia ser desencadeada pela entidade, a empresa Metrô, dona de uma conta de quase 8.000 funcionarios ou a instituição representativa sindicato.
Não é mais possível conviver com a situação na qual temos assistido, com inúmeros colegas tendo seus salários bloqueados sem prévio aviso, tarifas de todas as espécies, juros abusivos, empréstimos sem renegociação, atendimento precário em dias de pagamento, etc. Como já mencionado, uma conta empresarial com quase 8.000 correntistas como é a da Cia do Metrô não oferecer aos seus correntistas o mínimo de diferenciação em relação ao mercado.
Caso não ocorra um novo acordo com o responsável (gestor da conta Metrô do BB) em relação às taxas abusivas do BB para com os correntistas metroviários, em breve, como já vem ocorrendo, optaremos por não ser mais correntistas ativos do BB e migraremos para outros bancos que venham oferecer melhores condições tarifárias.
Não encarem este texto como ato radical e individual, quero aqui apenas expressar o meu sentimento e de vários colegas de trabalho, que mesmo após inúmeras reclamações às ouvidorias do BB e Banco Central, já não têm mais com quem desabafar.
"PARABÉNS BB", esta instituição é mesmo do povo! Saudades do velho envelope holerite do papai.