Sindicato entrega carta ao governador

Veja na integra a carta entregue pelo presidente do Sindicato "Altino Melo Prazeres" reivindicando a suspensão do "Plano de Carreira", e etc.

São Paulo, 13 de janeiro de 2011

 

Ao Excelentíssimo Governador

Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho

  

O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários e em Empresas Operadoras de Veículos Leves Sobre Trilhos no Estado de São Paulo através do seu presidente, Altino de Melo Prazeres Júnior, vem por meio desta apresentar suas considerações sobre temas que se referem ao transporte, especialmente metroviário.

 

Primeiro, somos a favor da volta do subsídio ao sistema metroviário de São Paulo já que a tarefa do transporte público é um dever do estado. Neste sentido, somos contra o aumento da tarifa do metrô que será anunciada em fevereiro, como afirmou o Secretário de Transporte Metropolitano, Jurandir Fernandes, na imprensa. Não pode ser que a população de São Paulo, principalmente a mais humilde, seja a mais prejudicada, com a exclusão deste setor ao transporte de qualidade que é o Metrô.

 

Segundo, não concordamos com a política divulgada na imprensa da Parceria-Pública-Privada, a PPP, como saída para expansão da malha metroviária. A PPP traz dentro da sua lógica o investimento do estado em benefício do setor privado. O estado deve investir no transporte público de qualidade e estatal, garantindo que a lógica de mercado e a ganância dos empresários não seja a referência para a alocação de recursos, e sim o interesse da população. O pior exemplo dessa experiência foi a linha 4 que mostrou-se um desastre desde a sua construção causando mortes e vitimando a população até a operação que não consegue garantir seu funcionamento pleno justamente por problemas de segurança.

 

Terceiro, requeremos a Anistia aos demitidos e punidos de 2007 no Metrô de São Paulo. O Conselho de Administração da OIT (Organização Internacional do Trabalho) reclama ao governo brasileiro a reintegração dos demitidos. O novo governo de São Paulo poderia dar um sinal de demonstração de respeitos aos direitos democráticos, trabalhistas, e suas organizações sindicais e populares que muito custou a todos que lutaram pelo direito democrático e pelo fim da ditadura militar. Anexamos os documentos apresentados pela Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários) referentes ao tema.

 

Quarto, o Metrô de São Paulo implantou de forma unilateral um Plano de Carreira que, por diversos motivos, desagradou praticamente toda a categoria, desde as funções iniciais até os cargos mais altos. Propomos a suspensão imediata deste Plano, iniciando conversas para negociarmos, com o Metrô, um novo plano que atenda os interesses dos metroviários.

 

Quinto, as diversas panes, falhas que ocorreram no ano passado no sistema metroviário ainda são motivos de grande preocupação dos metroviários e da população. Estes problemas, pelo que tudo indica, voltarão a ocorrer e num grau maior em 2011: a malha ainda é muita pequena para o porte da cidade, a superlotação, a concentração na Sé sem outras alternativas de deslocamentos, trens como o CAF com diversos problemas técnicos que colocam a população em risco. Some-se a isso o sistema CBTC, a mudança na filosofia da manutenção preventiva, a nova realidade do Metrô -que se aproxima dos 4 milhões de usuários por dia- e suas conseqüências, a falta de funcionários e exorbitante quantidade de hora-extra, a expansão sem um planejamento mais estratégico, o projeto de monotrilho que não atenderá a demanda desde o seu nascedouro e tantos outros itens. Acreditamos que são temas de suma importância e afetam imediatamente cerca de 4 milhões de usuários por dia, necessitando uma discussão com diversos setores envolvidos e principalmente com os metroviários que são a linha de frente desta batalha.

 

O Sindicato dos Metroviários está disposto a conversar e negociar os temas citados na busca incessante de defender a categoria, a população e o transporte público de qualidade e estatal.

 

Agradecemos o recebimento das nossas reivindicações e estamos à disposição para o diálogo.

  

Altino de Melo Prazeres Júnior

Presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo