SOS São Paulo! A locomotiva do Brasil apresenta sinais de decadência
A multiplicidade de atividades econômicas e a diversidade cultural e de possibilidades concentradas em São Paulo fazem do estado um pólo dos negócios e das oportunidades para cidadãos de todas as regiões do país, e do mundo.
É em São Paulo que foram instaladas as sedes de grandes empresas e construídas grandes indústrias, portos, ferrovias e rodovias.
Aqui também estão alguns dos melhores hospitais, centros de pesquisa, escolas e universidades do país, e em nível internacional, o que valoriza a qualidade de estado mais populoso do Brasil, pois além de oferecer mão de obra em abundância, há grande possibilidade de qualificação na prestação de serviços.
São Paulo é realmente uma “terra promissora”, mas, infelizmente, todo este potencial tem se tornado objeto de barganha, prejudicando a vida de milhares de paulistas e imigrantes.
Os frutos de todos estes negócios e possibilidades concentram-se nas mãos de poucos e a maioria da população, que faz esta locomotiva se movimentar, fica a esmo, como se vivesse em um dos estados mais pobres da federação.
Transporte caótico
A política de estímulo à utilização do transporte individual representa uma grave inversão de valores dos governos que há mais de uma década estão à frente do estado mais rico do país. Se São Paulo tivesse priorizado a construção de mais metrô e a melhoria da rede ferroviária já espalhada por todo o estado, teria mais motivos para ser classificado como um estado desenvolvido.
Haveria menos congestionamentos e mais tempo para movimentar a economia nacional, pois todo mundo cumpriria seus compromissos muito mais rapidamente. A poluição do meio ambiente não estaria em estágio tão avançado. Haveria menos acidentes. As pessoas teriam mais qualidade de vida, mais tempo para a família e amigos, para estudar e curtir um lazer.
E em São Paulo, além de retardar este desenvolvimento, os governos tucanos trataram o transporte como mercadoria privatizando a Linha 4, além da concessão de praticamente toda a malha rodoviária.
Pedágios a cada 40 km
A quantidade excessiva de pedágios que existem nas rodovias estaduais é um dos reflexos do sistema de concessão adotado pelo Estado. São mais de 150 praças de pedágio espalhadas por todas as rodovias paulistas, encarecendo ainda mais a viagem das pessoas.
A situação é tão absurda que as transportadoras poderiam comprar novas carretas com a economia dos valores pagos ao atravessar o estado em direção ao porto de Santos no período de apenas um ano.
Desenvolvimento em retrocesso
Recentemente o economista e presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcio Pochmann, divulgou artigo bastante alarmante, pois dá conta de que São Paulo está dando claros sinais de decadência, mas não apenas no âmbito social. A economia, que sempre foi carro-chefe do Estado, também está em declínio.
De acordo com as informações, verifica-se o retrocesso paulista na fase recente da estabilidade monetária alcançada pelo país, quando o setor industrial paulista regrediu de 43% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 1996 para menos de 35% em 2007.
Outros setores que tiveram participação relativa diminuída foram o produtor e distribuidor de eletricidade e gás, de água e esgoto e de limpeza (de 45% para 27%); do comércio (de 41% para 33%); da administração pública (de 21% para 19%); e de serviços (de 35% para 34%).
A observação deste contexto demonstra, portanto, o desperdício do potencial de São Paulo e de todos os cidadãos que apostam as suas fichas aqui para melhorar de vida e, consequentemente, fazer deste um Estado melhor.
Propagandas excessivas
Com tantos problemas, o governo estadual tenta construir uma imagem positiva diante da população por meio da propaganda. Ou melhor, com o excesso de propaganda!
Já divulgou a Folha de S. Paulo, em maio, que a administração tucana do Estado de São Paulo foi a que mais gastou com propaganda no país, sendo quase um quinto de R$ 1,69 bilhão que as administrações estaduais desembolsaram na véspera do ano eleitoral – um aumento de 620% no último período.
Para se ter uma ideia, o gasto com propaganda do sistema de transporte rodoviário e ferroviário sofreu um aumento de 1359%, dinheiro este que daria para investir em hospitais, além de que estes gastos superam em 2,5 vezes o total investido em novos trens.
O papel do Estado
A propaganda é, sim, a alma dos negócios, mas também é preciso haver qualidade na prestação dos serviços, para que as pessoas fiquem satisfeitas. Em São Paulo a cada dia há mais pessoas doentes, sem educação, desempregadas, sem moradia, entre outras mazelas.
São Paulo precisa de gestores que façam valer o papel do Estado e que encarem a prestação dos serviços públicos como prioridade para o seus desenvolvimento promoção do bem estar da população. Chega de fazer de São Paulo uma empresa que precisa de lucros para sobreviver!