Uma nova Conclat no horizonte

O momento de forte unidade sindical está ensejando uma série de iniciativas e propostas. Uma ideia que ganha peso é a realização de uma grande conferência, nos moldes da Conclat.

O assunto, aliás, foi tema do 2º Congresso da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), em setembro de 2009, cujo item 4 das resoluções diz: “Para coroar o processo de unidade que já está em curso, a CTB propõe a realização de uma nova Conclat — Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, reunindo sindicalistas de todas as centrais e entidades sindicais, independentemente das posições políticas e ideológicas. A Conclat vai elevar a um novo patamar o nível de intervenção e influência do sindicalismo e da classe trabalhadora na vida nacional”.

Há paralelos entre a época da Conclat, de 21 a 23 de agosto de 1981, e a conjuntura atual. Em 1981, havia um crescente movimento sindical, que se aliava ao conjunto do movimento social na ofensiva contra a ditadura e pela reconquista da democracia.

Hoje, existe uma efetiva unidade sindical, em franca ofensiva pela ampliação das conquistas sindicais e visando impedir a volta ao poder do projeto neoliberal e antissindical. Naquela época, Lula despontava como forte liderança do movimento, integrando a Comissão Executiva Nacional da Conclat pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo.

De lá para cá, foram muitos os avanços. E aquele representante dos metalúrgicos de São Bernardo é hoje presidente da República do País. A questão democrática, que era um grande anseio da classe trabalhadora, está agora consolidada. A inflação (ou carestia, como se dizia na época), está domada. Mas questões como redução da jornada e estabilidade, por exemplo, continuam na ponta da lista da agenda sindical.

Interessante observar os três primeiros itens daquele regimento de 29 anos atrás:

Artigo 1º – Discutir amplamente as condições de vida e salários dos trabalhadores da cidade e do campo;

Artigo 2º – Fixar posições e as formas de luta dos trabalhadores na defesa de seus interesses; Artigo 3º – Avançar nas formas de organização dos trabalhadores, visando adequar o movimento sindical unitário à nova realidade política, social e econômica.
 
Um dos objetivos da Conclat era a formação de uma Central Única dos Trabalhadores, reunindo o conjunto do movimento sindical, que, por várias razões, não se concretizou.

João Franzin é jornalista da Agência Sindical – (Texto publicado no Blog do Zé Dirceu)